Posted by Paulo Mauricio | Posted in acessibilidade , Banho de Mar , limitaçoes , Novo Ser , Praia para Todos , superaçao , utilidade publica , voluntariado
Fico lembrando daquelas vezes que eu ia à praia, jogava o meu volley ou futebol e depois de uma cansativa partida, corria para a água e mergulhava… era uma sensaçao maravilhosa… que me refrescava e reenergizava… que saudade…
Quantas pessoas tem todas as condiçoes físicas e psíquicas ditas normais e nao aproveitam a vida, perdem seu precioso tempo reclamando, remoendo passados, dores, vivendo de mágoas, trancadas dentro de casa, trancadas dentro de si …
Há quanto tempo você nao caminha na areia, observa o mar, mergulha…???
Mais um verao veio, só que nesse eu nao pude entrar no mar, já havia tido 2 oportunidades anteriores, uma com os meus amigos Zé Luiz e Everson e a outra com o meu cunhado Marcelo… A Marciah, incansável e paciente como sempre, me levou à praia um dia bem cedinho… Foram 25 minutos para alcançar a beira do mar aqui no Posto 4 nos meus passinhos de tartaruga, mas nao deu pra entrar na água, ela sozinha nao conseguiria me ajudar.. ficamos muito frustrados…
Assitindo a novela “Viver a Vida”, fiquei sabendo do “Praia para Todos” e, desde entao, a inquietaçao e a curiosidade tomaram conta de mim.
Pesquisei no Google, li sobre essa iniciativa da ong “Novo Ser”… e que bela iniciativa!! Encontrei o site, me cadastrei, recebi o retorno da Nena e do Ricardo Gonzalez, que foram super atenciosos e me informaram que o “Praia para Todos” estaria aqui em Copacabana, no Posto 5, durante todo o mês de abril..
Oba!!!!! Tudo bem que mergulhar tinha ficado para trás, junto com tantas outras coisas que eu gostava de fazer, mas chegava a hora do meu tao sonhado banho de mar…
E a ansiedade só aumentava, mas dia 4, que seria o primeiro dia, foi domingo de Páscoa e consequentemente nossas obrigaçoes religiosas, o almoço em família…etc e tal. No dia 11, saímos daqui do BPeixoto e a Marciah foi me empurrando na cadeira até o Posto 5. Chegamos lá e a grande decepçao, por causa da ressaca nao houve o projeto. Ainda nao foi naquele dia que eu entrei no mar… mas nao perdemos o domingo, ela me levou até o Arpoador, passeamos, fizemos algumas fotos… como sempre ela nunca me deixa perder o ânimo.
Terceiro domingo de abril!
Chegou o grande dia!!! Um lindo domingo, céu de brigadeiro!
A Márciah acordou um pouco cansada (na véspera foi a festa de aniversário da Danielle e dormimos bem tarde), sugeriu que fossemos de Metrô, porque empurrar cadeira de rodas aqui pelas ruas é uma verdadeira maratona… coitada… e coitado de mim tambem que vou pulando que nem pipoca… Entramos na estaçao Siqueira Campos, ao lado de casa, descemos uma estaçao depois, na Cantagalo… foram 15 minutos procurando um funcionário do Metrô para nos ajudar a sair para a rua… o elevador para deficientes estava quebrado e nao havia nenhuma indicaçao, nao havia ninguém para colocar a minha cadeira na escada rolante… mas depois de tanto esperar, desistimos… mas nao da praia…
Ainda na plataforma, bastante chateados, esperamos o próximo trem e nos dirigimos até a próxima estaçao, Ipanema. Nao sabíamos que a saída pela Bulhoes de Carvalho nao tem acesso para deficientes. Além de nao possuir elevador até a rua, o elevador que leva até os dois lances de escada rolante, estava inoperante… e o pior disso tudo, pasmem, a estaçao acabou de ser inaugurada e nao se preocuparam com a acessibilidade para cadeirantes nesta saída... mas sobre o Metrô Rio, falarei em um novo post.
Apesar dos infortúnios, ainda tinha certeza que valeria a pena ir à praia…
Foi difícil chegar até a Atlântica, até porque acesso pela Rua Souza Lima ao calçadao da orla, nao existe. O meio fio tem cerca de 25 cm de altura, teríamos que andar bastante até o próximo sinal, onde conseguiríamos atravessar, mas era longe…nossa quanta dificuldade para um cadeirante… Nao bastasse a dificuldade em subir e descer os 25 cm de meio fio, esbarramos com mais um problema. A ciclovia também tem meio fio alto. Mas as vezes aparece uma boa alma que ajuda a suspender a cadeira…. e apareceu, claro!
O Banho de Mar foi diferente, entrar sem andar …. mas gostoso do mesmo jeito…aquelas ondas batendo… fiquei lá quase 30 minutos, eles ficariam mais tempo comigo, na maior boa vontade, mas a Marciah sugeriu que saíssemos, pois outras pessoas tambem aguardavam… mas ficou um gostinho de quero mais…
Só tenho a agradecer muito a Deus por isso, foi mais uma consquista e mais uma superaçao… e, apesar de nao ser mais quem eu era antes em muitos aspectos, eu estou ótimo e feliz.
Nao tenho palavras para descrever a Equipe do “Praia para Todos”… o mínimo que posso dizer é que todos sao super gentis carinhosos e interessados. Em especial, preciso agradecer aos três jovens que cuidaram de mim, a Sarah, a Perla e o Denis, que foram adoráveis o tempo todo e a Marciah, claro, porque se nao fosse a perseverança e pela boa vontade dela em me levar para passear, isso também nao teria acontecido. Muito obrigado por realizarem mais este sonho!!!!
E fica uma coisa a pensar… ás vezes um deficiente físico tem uma família e ninguém dessa família se predispoe a perder algumas horas, de um dia qualquer, para o levar para um passeio, para tomar um sorvete que seja ou um café na esquina… e aí, este grupo voluntariado do “Praia para Todos”, que trabalha e estuda durante a semana, se predispoe a nos conceder os domingos deles, proporcionando momentos maravilhosos para todos nós… e sem pedir nada em troca… sem nunca ter recebido nada de nenhum de nós…
Muito obrigado a vocês do “Praia para Todos”!
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Acima, Denis, Perla, Sarah e eu… “Praia para Todos” é o máximo!
Um pouco tímido no depoimento…